A CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) está implantando um inovador sistema de tratamento de esgoto usando macrófitas aquáticas, conhecido como Wetlands. O projeto visa utilizar plantas aquáticas para filtrar o esgoto e já está em fase de testes em Descanso, no Extremo Oeste de Santa Catarina. Agora, um novo módulo experimental foi iniciado em Florianópolis, em parceria com a UFSC, com um treinamento realizado na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Canasvieiras.
O treinamento, realizado na tarde de terça-feira (13), contou com a participação de representantes da Gerência de Políticas Operacionais da CASAN e do Grupo de Estudos em Saneamento Descentralizado (GESAD/UFSC). Durante o evento, foram realizados os primeiros testes hidráulicos de irrigação e alinhadas as ações para a instalação dos Wetlands, que ocuparão uma área de 120 m² na ETE Canasvieiras.
Felipe Trennepohl, engenheiro sanitarista da CASAN, explicou que o tratamento começará com dois módulos, já construídos com concreto e preenchidos com areia e brita. Nos próximos meses, as mudas serão plantadas pela equipe da UFSC para iniciar o processo de tratamento. O esgoto será fornecido por caminhões limpa-fossa, complementando o atendimento atual da estação.
Os módulos serão testados ao longo de dois anos para determinar a capacidade de tratamento. Inicialmente, serão recebidos 8 m³ de esgoto por semana, com os resultados monitorados pelos pesquisadores da UFSC e pela equipe da CASAN. Alexandre Bach Trevisan, engenheiro químico responsável pela implantação dos Wetlands em Descanso, destacou que os resultados em Florianópolis ajudarão a dimensionar a capacidade de atendimento e aperfeiçoar o modelo.
O professor Pablo Heleno Sezerino, líder do GESAD/UFSC, ressaltou que a pesquisa oferece uma oportunidade para um processo de saneamento mais eficiente e inovador. O projeto de pesquisa “Unidade de gerenciamento de lodo de tanque séptico empregando wetlands construídos” terá vigência até 2026, com um investimento de R$ 500 mil da CASAN.
Como Funcionam os Wetlands
Os Wetlands construídos utilizam macrófitas, plantas aquáticas que vivem em regiões de brejo, para filtrar o esgoto. O esgoto é despejado nos leitos dos wetlands, onde as plantas e um filtro de areia e brita absorvem e drenam o lodo. A parte líquida é direcionada para um sistema de irrigação dos wetlands e, ao final, o lodo é mineralizado, transformando-se em um material similar ao solo. As plantas, bactérias e fungos no sistema garantem um tratamento ecológico e seguro, sem o uso de produtos químicos.
Inspirado em um sistema adotado em Nègrepelisse, na França, o modelo de Wetlands da CASAN está sendo pioneiramente implementado no Brasil, com o projeto Esgotamento Sobre Rodas associando o tratamento tecnológico. Nesse sistema, empresas de limpeza contratadas recolhem o resíduo das fossas e o levam diretamente para o tratamento nos Wetlands.