21.1 C
Florianópolis
quinta-feira, setembro 19, 2024

CASAN e UFSC Lançam Projeto Experimental de Tratamento de Esgoto com Plantas na ETE Canasvieiras

A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) está implementando um sistema inovador de tratamento de esgoto em Santa Catarina, utilizando plantas aquáticas chamadas macrófitas para filtragem. Esse projeto, conhecido como Unidade de Gerenciamento de Lodo em Leitos com Macrófitas (Wetlands), já está em fase de testes em Descanso, no Extremo Oeste. Em Florianópolis, um novo módulo experimental está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O treinamento inicial para o projeto ocorreu na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Canasvieiras, na tarde de terça-feira, dia 13.

Representantes da Gerência de Políticas Operacionais da CASAN e membros do Grupo de Estudos em Saneamento Descentralizado (GESAD/UFSC) participaram da atividade, que teve como objetivo realizar os primeiros testes hidráulicos de irrigação e alinhar as etapas de instalação dos Wetlands, previstos para ocupar uma área de 120 m² no local da ETE Canasvieiras.

Segundo Felipe Trennepohl, engenheiro sanitarista da CASAN, “O tratamento será inicialmente feito em dois módulos, que já têm suas estruturas de concreto construídas e foram preenchidos com areia e brita.” Nas próximas semanas, a equipe da UFSC iniciará o plantio das primeiras mudas para começar o processo de tratamento. “O esgoto será transportado por caminhões limpa-fossa privados, complementando os serviços já oferecidos pela estação atualmente”, acrescentou Trennepohl.

O projeto-piloto será testado ao longo de dois anos para determinar a capacidade de tratamento de esgoto dos módulos, que inicialmente processarão 8m³ por semana. Os resultados serão cuidadosamente monitorados por pesquisadores da UFSC e equipes da CASAN. “Os dados obtidos em Florianópolis nos ajudarão a ajustar a capacidade de atendimento e a aperfeiçoar o modelo em outras unidades, como a de Descanso”, explicou Alexandre Bach Trevisan, engenheiro químico responsável pela implantação dos Wetlands no Oeste.

O professor Pablo Heleno Sezerino, líder do GESAD/UFSC, destacou que a pesquisa é uma oportunidade de promover um processo de saneamento mais eficiente e inovador. “Esta parceria entre a UFSC e a CASAN foca no contexto de P&D+I (Pesquisa e Desenvolvimento mais Inovação), permitindo a transferência e disseminação de tecnologias de saneamento para a sociedade catarinense”, afirmou Sezerino. O projeto de pesquisa “Unidade de gerenciamento de lodo de tanque séptico empregando wetlands construídos” continuará até 2026, com um investimento de R$ 500 mil pela Companhia.

Como Funcionam os Wetlands

Os Wetlands construídos utilizam macrófitas, que são plantas aquáticas típicas de áreas alagadas. Elas são colocadas sobre camadas de areia e brita, que agem como filtros naturais para depurar o lodo. O esgoto é depositado nos leitos dos Wetlands, onde o lodo é absorvido e drenado. A parte líquida escoa para um cano na base do reservatório, sendo posteriormente utilizada no sistema de irrigação dos Wetlands. No final do processo, o lodo é mineralizado, transformando-se em um material semelhante ao solo.

Essas plantas são adaptadas para resistir a variações climáticas e possuem características que tornam o ambiente inóspito para a entrada de animais. Além disso, bactérias e fungos presentes nos leitos também consomem o lodo, proporcionando um tratamento ecológico e seguro, sem a necessidade de produtos químicos.

O modelo de Wetlands adotado pela CASAN foi inspirado em um sistema utilizado em Nègrepelisse, na França, e está sendo implementado pioneiramente no Brasil no setor de tratamento de esgoto, começando pela cidade de Descanso. A Companhia também planeja o projeto Esgotamento Sobre Rodas, que envolverá a coleta de resíduos de fossas sépticas por empresas contratadas, transportando-os diretamente para tratamento nos Wetlands.

Notícias Relacionadas