Meteorologistas da Epagri/Ciram e da Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC) divulgaram uma atualização sobre a probabilidade da ocorrência de La Niña, fenômeno climático que está previsto para atingir Santa Catarina entre fevereiro e abril de 2025. A previsão é de que este La Niña seja de fraca intensidade e tenha curta duração. O fenômeno é caracterizado pelo resfriamento das águas na região equatorial do Oceano Pacífico, o que pode provocar chuvas irregulares e uma tendência de acumulados próximos ou até abaixo da média, especialmente no Grande Oeste catarinense.
Impactos no Clima e na Agricultura
Embora os impactos tradicionais do La Niña sejam menos prováveis, ainda são esperadas influências nas condições climáticas durante o verão e início do outono. De acordo com os meteorologistas, essa alteração pode afetar diretamente o desenvolvimento das lavouras em Santa Catarina, como é o caso da soja.
Soja de Segunda Safra
A região Oeste de Santa Catarina enfrenta uma condição de estiagem leve desde o final de dezembro, o que prejudica o desenvolvimento da soja de segunda safra. O déficit hídrico tem impactado as lavouras já estabelecidas, dificultando o crescimento adequado das plantas.
Haroldo Tavares Elias, analista de socioeconomia da Epagri/Cepa, orienta os agricultores a se manterem atentos às previsões de chuva nos próximos dias, especialmente em relação à umidade do solo, que é crucial para a semeadura da soja. Ele alerta que atrasos na semeadura devido à falta de chuva podem reduzir o potencial produtivo da cultura.
Milho
A cultura do milho, por sua vez, sofreu menos impacto com a estiagem. As primeiras colheitas indicam uma produção dentro da normalidade, com produtividade satisfatória.
O Fenômeno La Niña e Suas Características
O resfriamento das águas do Oceano Pacífico já é observado desde julho de 2024, mas foi intensificado nas últimas semanas de dezembro, com uma queda abrupta das temperaturas. Segundo o monitoramento da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA), as anomalias de temperatura no Pacífico registraram uma diferença de 0,7°C abaixo da média.
Para que o La Niña se concretize, é necessário que o resfriamento se mantenha abaixo de -0,5°C. Esse critério já foi atingido, mas as temperaturas precisam permanecer nesse patamar nos próximos meses. Modelos climáticos indicam que a condição de La Niña pode persistir entre fevereiro e abril, com o retorno da normalidade climática logo após esse período. No entanto, ainda há incertezas quanto à duração e intensidade do fenômeno.
Seca e Precipitações Irregulares em 2024
O Índice Integrado de Secas, que avalia a precipitação, a vegetação e a umidade do solo, mostra que as regiões do Oeste e Planalto Sul de Santa Catarina enfrentam seca de fraca a moderada desde dezembro de 2024. Esse cenário reflete precipitações irregulares observadas no segundo semestre de 2024, quando houve meses com chuvas abaixo da média climatológica.
Diante dessa previsão, é essencial que os agricultores sigam monitorando o clima e ajustem suas práticas agrícolas para minimizar os impactos do fenômeno e das condições climáticas adversas.