Cerca de 350 acionistas prejudicados pela VR Patrimonial, conhecida como VR Brasil, empresa do setor imobiliário de São José, criaram uma associação para representação jurídica de forma conjunta. O principal objetivo da entidade é recuperar os investimentos perdidos. Estima-se que o prejuízo financeiro aos cotistas seja próximo a R$1 bilhão.
Fundada no final do mês de maio, a entidade denominada Associação dos Cotistas Lesados da VR Brasil (ACLVR), presidida por Alessandra Batista Cunha, vem ganhando rápida adesão. O movimento já atua de forma direta para que o caso tenha celeridade, inclusive com representações no Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
Seduzidos pelas promessas de rentabilidade entre 1,5% e 3,3% ao mês sobre os investimentos, os cotistas aplicavam valores altos nas contas da empresa do setor imobiliário que atuava no mercado de gestão de patrimônio. Os pagamentos prometidos aconteceram normalmente até o início de 2024, quando a VR Patrimonial parou de distribuir os rendimentos aos investidores.
Alguns dos cotistas tiveram a vida completamente afetada pelo calote. Há relatos de pessoas que venderam os imóveis onde moravam para aplicar o dinheiro nas ações da VR Patrimonial e, com a falta de pagamento, estão sem ter onde morar.
Levantamentos iniciais feitos a partir de documentos disponibilizados pela própria VR apontam que ao menos 2500 pessoas foram lesadas pelo esquema. Contudo, estima-se que o número total passe de cinco mil pessoas espalhadas por seis estados do Brasil.
O caso se agravou a partir da segunda quinzena de maio, com o falecimento do CEO da empresa, Márcio Ramos, vítima de um acidente motociclístico. Mas a VR Brasil já dava indícios de instabilidade financeira há alguns meses – como citado, a irregularidade nos pagamentos da rentabilidade prometida acontece desde o início de 2024.
O caso já está sendo investigado criminalmente pela Polícia Federal e também pelo Ministério Público Federal. Na seara cível, a ACLVR ingressou com representação junto ao MPSC visando a responsabilização de todas as pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema, com o objetivo de ressarcir os cotistas lesados. A associação também acompanha o pedido de Recuperação Judicial feito pela VR poucos dias após a morte do CEO.